Polarizada entre dois candidatos, a escolha do presidente nas Eleições 2022 tem uma característica inédita. Nunca tantos eleitores definiram com tamanha antecedência em quem votarão, de acordo com as principais pesquisas de opinião. Embora a campanha nem tenha começado e o jogo sempre pode reservar surpresas, há uma tendência de esvaziamento do debate sobre o principal cargo da República, com os eleitores entrincheirados em suas posições.
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A democracia perde quando poucos estão dispostos a ouvir e muitos a falar, mas existe ao menos um viés positivo sobre o antagonismo entre petistas e bolsonaristas: haverá mais espaço nas Eleições 2022 para analisar os candidatos aos demais cargos, geralmente eclipsados pela disputa presidencial. Dentre estes, a composição da Câmara dos Deputados é a escolha mais importante que os brasileiros farão neste ano.
Levantamento recente da Quaest indicou que 85% dos eleitores não lembram em quem votaram para deputado federal há quatro anos. Não é exatamente uma surpresa. Com cinco cargos a preencher — em 2018, com dois senadores por Estado, eram seis —, o eleitor tende a prestar mais atenção aos candidatos à majoritária: presidente, governador e senador. Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados ficam em último plano. Sem reduzir a importância do Legislativo estadual, desta vez a Câmara Federal merece encabeçar a colinha do eleitor.
O poder dos deputados está hipertrofiado devido à bagunça que foi e é a articulação política do governo Jair Bolsonaro (PL). Nunca a cúpula do Congresso teve tanta influência no orçamento federal e sem precisar prestar contas a ninguém. Um presidente da Câmara sempre pôde muito, mas nenhum governou o país como faz Arthur Lira (PP), apoiado por uma legião de deputados clientelistas. Orçamento secreto e emendas PIX, que debilitam a capacidade do Executivo de formular políticas públicas abrangentes, estão encravados na Constituição do país.
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Resultado disso é a tramitação a toque de caixa de assuntos complexos, com numerosos interesses em jogo. Independentemente do resultado da eleição presidencial, não há indicativo de mudança nesse estado de coisas. A menos que o eleitor mude de postura.
Deputados fazem a representação regional em Brasília e, sim, atraem recursos, mas a primeira tarefa deles é legislar. Nos próximos quatro anos, temas complexos devem ser debatidos em Brasília: proteção ambiental, sistema tributário, reforma administrativa, regras do sistema político-eleitoral, transparência e limite nos gastos públicos, energia e privatizações, entre outros.
Ao votar para deputado federal, cada eleitor precisa refletir sobre essas questões e então procurar candidatos que tenham opiniões semelhantes. Excluindo aqueles cuja atuação pregressa não recomenda confiança.
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