O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta 3ª feira (23.ago.2022) que quem defende a volta da ditadura ou retrocessos democráticos está “redondamente enganado” e fazê-lo seria uma “traição à pátria”.
O senador foi questionado sobre o tema depois que a PF (Polícia Federal) fez buscas, mais cedo nesta 3ª, contra empresários que falaram sobre golpe em grupo de WhatsApp.
Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão contra 8 empresários por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O presidente do Senado, que se encontrou na 2ª com Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), evitou emitir qualquer opinião sobre a operação, sem dizer se a considerava correta ou excessiva.
Os alvos da operação são investigados por trocarem mensagens nas quais falam que um “golpe” seria melhor do que um novo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os empresários indicaram que preferem o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Pacheco afirmou não ter tido conhecimento da operação, mas que “qualquer pessoa que prega retrocesso democrático, atos institucionais, volta da ditadura, está redondamente enganado. É um desserviço ao país, é uma traição à pátria. E isso obviamente tem que ser rechaçado e repudiado com toda a veemência pelas instituições”.
Leia a lista de empresários que são alvos de operação da PF:
- Afrânio Barreira Filho, 65, dono do Coco Bambu;
- Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia;
- José Isaac Peres, 82, fundador da rede de shoppings Multiplan;
- José Koury, dono do Barra World Shopping;
- Luciano Hang, 59, fundador e dono da Havan;
- Luiz André Tissot, presidente do Grupo Sierra;
- Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, dono da Mormaii;
- Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa.
Os mandados foram cumpridos em Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), Brusque (SC), Balneário Camboriú (SC), Gramado (RS), Garopaba (SC) e São Paulo (SP). Do total dos mandados, 3 foram cumpridos em imóveis de Hang, em Santa Catarina.
O presidente do Senado, entretanto, minimizou o risco das eventuais falas dos empresários à democracia brasileira. Disse que o sistema atual está assimilado pelas instituições e sociedade e que não haveria “risco concreto”.
“A nossa democracia está tão assimilada, está tão forte, institucionalizada, pelas instituições e pela sociedade, que eu considero esses arroubos, que precisam ser repudiados evidentemente, mas eles de fato não fazem gerar um risco concreto a nossa democracia. São manifestações infelizes que devem ser rechaçadas.”
Bolsonaro no JN
O presidente do Senado também comentou a sabatina do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, ao Jornal Nacional da Rede Globo na 2ª feira (22.ago.). O chefe do Executivo focou em rebater críticas e não apresentou propostas para um eventual 2º mandato. Leia a transcrição da entrevista.
Perguntado sobre fala de Bolsonaro de que só aceitaria o resultado das urnas em outubro se houver eleições limpas, Pacheco afirmou que não há dúvidas de que as eleições serão corretas e por isso seu resultado não será questionado.
“Em relação a essa premissa especifica de que o resultado será respeitado desde que as eleições sejam limpas, eu pressuponho com muita naturalidade que as eleições serão limpas e, evidentemente, serão limpas e serão regulares e serão normais”, declarou.