Você já foi desconectar o carregador de seu smartphone ou notebook e tomou um susto com a temperatura? Às vezes, ele fica tão quente que pode até causar preocupação: há algum risco de iniciar um incêndio?
Produzir calor é uma característica comum em produtos eletrônicos. No caso dos carregadores antigos, a “culpa” era do transformador, peça que transformava a corrente alternada em corrente contínua.
Mas hoje em dia, os aparelhos são menores e atuam com o que chamamos de fontes chaveadas. Essas fontes trabalham com uma frequência mais elevada, pegando os 60 Hertz (Hz) que chegam da rede elétrica e convertendo em corrente contínua.
De acordo com Ricardo Caranicola Calero, professor de engenharia eletrônica no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), essas fontes chaveadas chegam a trabalhar com até 17 mil Hertz.
“É como se fosse um motor funcionando em uma velocidade muito alta. Basicamente, é isso que acaba esquentando os carregadores”, explica.
Ainda assim, eles são projetados para que o aquecimento seja impeceptível. Se você consegue notar que ele está muito quente (ou quente com frequência), há algo de errado.
Segundo Calero, o principal motivo é o mau uso do produto. “Por exemplo, quando você coloca o carregador em um adaptador. Ou quando carrega o celular de uma marca no carregador de outra. Eles têm especificações diferentes parafornecer corrente.”
O ideal é utilizar apenas a fonte que veio com o aparelho; ou se certificar de que o modelo que você está usando é aprovado para o celular ou laptop conectado.
Carregador quente pode prejudicar o aparelho?
Em teoria um carregador hiperaquecido deve continuar funcionando e não irá prejudicar o aparelho conectado. Acessórios desse tipo têm uma faixa máxima de trabalho: caso ultrapassem a temperatura considerada segura, eles simplesmente deixam de operar.
Com um carregador “pirata” ou não aprovado, já não há tanta certeza. “Não dá para saber se ele trabalha dentro dos 5 volts que normalmente são usados pelos cabos USB. Se for uma tensão acima do que pede o celular, pode danificar o aparelho. Se for abaixo, simplesmente não vai carregar direito”, pondera Calero.
É perigoso?
Um carregador levemente quente não deve causar preocupação. Mas se estiver muito quente, com algum cheiro diferente ou com o cabo estiver desgastado, é hora de jogar fora e comprar um novo.
Apenas em casos extremos é possível que um defeito no carregador gere um incêndio. O maior risco está na rede de energia da residência, já que o superaquecimento pode chegar a provocar um curto-circuito.
“O perigo está muito mais aí do que no celular sendo alimentado. O aparelho costuma ter um circuito de proteção. O que pode acontecer, no máximo, é ele não carregar”, explica o professor.
Alessandro de Oliveira Santos, também professor de engenharia elétrica no Instituto Mauá de Tecnologia, levanta outra possibilidade (ainda que improvável).
“Se ele tiver um defeito que leve a uma falha de isolamento, o carregador pode, sim, atingir temperaturas tão altas que vão derreter o plástico e pegar fogo. Com certeza haveria energia suficiente para gerar um incêndio”, alerta.
A recomendação é colocar o acessório em uma área que dissipe melhor o calor. “Não carregue o celular perto de materiais inflamáveis, roupas, cobertores, cama, etc. Evite deixar próximo de produtos que tenham tendência ao fogo”, complementa Calero.
Além disso, o especialista alerta para que as pessoas evitem utilizar qualquer tipo de adaptador, como os famosos “Ts”. Segundo ele, nenhum equipamento é projetado para utilizar esse tipo de apetrecho.